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Para formar futuros leitores

Para formar futuros leitores

Curadoria de livros infantojuvenis brasileiros para exercitar a criatividade nas infâncias.

Por Letícia Guimarães*

A necessidade de formar futuros leitores é cada vez maior em um mundo que tanto acessa e valoriza a tecnologia. A literatura infantojuvenil brasileira é repleta de boas oportunidades para tirar as infâncias da telinha. Como um incentivo, a Voz Futura selecionou alguns clássicos e lançamentos dentre os incontáveis sucessos da literatura infantojuvenil brasileira. A lista pode ser encontrada no fim da página. 

A literatura faz mais do que formar leitores: age como ferramenta para formar cidadãos mais criativos e críticos. Para a diretora de Educação da Voz Futura, Antônia Burke, graduada em Letras, a ficção, especialmente na infância, tem um papel fundamental na construção da inteligência emocional. “Ao acompanhar personagens complexos, lidar com conflitos simbólicos e mergulhar em mundos desconhecidos, a criança também aprende a nomear sentimentos, ampliar a empatia e entender que existem muitas formas de viver e de sentir”, afirma.

Reconhecida internacionalmente, a literatura brasileira já venceu por três vezes a maior premiação dedicada a livros para as infâncias, espécie de Nobel da área: o Hans Christian Andersen, prêmio que carrega o nome do autor dinamarquês responsável pela publicação de contos que estão gravados no imaginário coletivo, como ‘O Patinho Feio’ e ‘A Pequena Sereia’. As conquistas foram das escritoras Lygia Bojunga, em 1982, Ana Maria Machado, em 2000, e do ilustrador Roger Mello, em 2014. 

No âmbito social e escolar, a leitura criativa ensina a convivência com as diferenças, além de cultivar a escuta e o diálogo. Por isso, Antônia defende que o incentivo à leitura deveria explorar diferentes autores, estilos e temas. “O gosto pela leitura é subjetivo, então respeitar essa diversidade é um caminho para que mais crianças e adolescentes realmente se apaixonem pelos livros e deixem de enxergá-los como mais uma obrigação”, reflete. 

Novidades da literatura infantojuvenil

“Rozaspina”, Eva Furnari (2025)

Quando um passarinho bordado por Lalin ganha vida de forma inesperada, ela descobre segredos guardados há tempos por sua avó, segredos sobre sua mãe e sobre si mesma. Enquanto investiga o mistério de sua própria vida, ela faz dois amigos, Luc e Mirko, que vão acompanhá-la numa aventura cheia de suspense em uma misteriosa sociedade mágica, chamada Rozaspina. Eva Furnari é escritora e ilustradora desde 1980 e tem 60 livros publicados.

“Sabor Paciência”, Mariana Salomão (2025)

Num domingo majestoso, Gabriel faz 5 anos. A praça estava cheia de crianças brincando, uma banda tocava e os pássaros dançavam nos galhos. Na companhia de sua mãe e do seu cachorro, ele avista a sorveteria mais bonita da cidade, com tantos sabores que era impossível escolher. Mas olha só o tamanho da fila… Parece até que vai levar uma vida inteira. Haja paciência! Estreia de Mariana Salomão Carrara na literatura para as infâncias, com ilustrações vibrantes do italiano Giovanni Colaneri, este é um livro que te faz experimentar o sabor da passagem do tempo.

“Chupim e o direito de sonhar”, Itamar Vieira Junior (2024)

Antes de o galo anunciar o início de um novo dia, o pai chama para o despertar: “Menino, menino”. Aquela era a primeira vez que Julim ia para os campos de arroz. Ali, enquanto os trabalhadores plantam, colhem e deixam os seus anos na terra, as crianças espantam os chupins. Mas, afinal, que mal pode fazer um passarinho? Em coautoria com a artista plástica Manuela Navas, Chupim marca a estreia de Itamar Vieira Junior na literatura para as infâncias.

“Sinto o que eu sinto: um passeio pelos sentimentos”, Lázaro Ramos (2025)

Enquanto enfrenta as mais diversas situações do dia a dia, o pequeno Dan descobre que a gente pode sentir coisa à beça – raiva, alegria, orgulho, tristeza… Às vezes tudo ao mesmo tempo! E embora nem sempre seja fácil lidar com tudo que passa pelo nosso coração, os sentimentos são uma parte essencial e natural da vida. Dan vai ver que não dá para mandar nas nossas emoções, mas que é importante aprender a reconhecer e aceitar tudo que sentimos. Lázaro, ator, com livros de temática adulta publicados, com este para crianças, o autor aborda temas modernos para além das emoções. 

… e clássicos nacionais

“Uma ideia toda azul”, de Marina Colasanti (1979) 

Em Uma ideia toda azul, reis, rainhas, princesas, príncipes, unicórnios, gnomos, cisnes, fadas são alguns dos personagens dos dez contos, criados pela sensibilidade e imaginação de Marina Colasanti. As histórias, embora passadas em lugares imaginários, revelam sonhos, fantasias, medos, desejos sempre presentes na alma humana. Em linguagem poética, narra histórias da princesa sem amigos, do rei prisioneiro em seu próprio reino, do unicórnio e sua paixão, da corça aprisionada, da princesa possessiva e insensível. Os aspectos simbólicos e os valores contidos nesses contos são básicos para a formação da personalidade da criança. Colasanti dedicou sua vida à publicação de obras para crianças e adultos. Em 2024, foi uma das finalistas do prêmio Hans Christian Andersen. 

 

“A Arca de Noé”, de Vinicius de Moraes (1993)

Os poemas infantis de Vinicius de Moraes são declamados de cor por crianças e adultos graças às deliciosas versões musicais de A arca de Noé. As composições de Vinicius que conquistaram as crianças brasileiras compõem esta edição em grande formato, com ilustrações do premiado Nelson Cruz. Vinicius é considerado um dos principais poetas de língua portuguesa. 

“Ou isto ou aquilo”, Cecília Meireles (1964)

O livro é um convite para as crianças se aproximarem da poesia, brincarem com as palavras, explorarem a sonoridade, o ritmo, as rimas e a musicalidade. Cecília Meireles resgata o universo infantil permeado por perguntas imprevisíveis, monólogos, comparações incomuns e imaginação. A autora foi responsável pela organização da primeira biblioteca infantil do Brasil em 1934. 

“A Bolsa Amarela”, de Lygia Bojunga (1976)

No romance, uma menina entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela): a vontade de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. A partir dessa contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio “criança não tem vontade”, a menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando a realidade ao mundo criado por sua imaginação, povoado de amigos secretos e fantasias. Enquanto sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.

“O menino maluquinho”, de Ziraldo (1980)

Ziraldo dedicou sua vida à literatura e à ilustração para crianças. Em “O Menino Maluquinho”, o autor apresenta um verdadeiro símbolo do menino nacional. Aquele era um menino muito sabido, esperto, inteligente! Brincava, agitava a casa, animava a todos com sua energia e vivacidade. Seria ele um anjinho, um saci? Alegria da casa, na escola, liderava a garotada na hora do intervalo. Adorava fazer versinhos, compor canções, inventar novos jogos e brincadeiras. Era um amigão. “Que Menino Maluquinho”, diziam sorrindo as pessoas que o conheciam. 

* Estudante de Jornalismo da PUC-Rio, aluna da disciplina Planejamento Editorial da professora Itala Maduell, em colaboração para a Voz Futura.

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