REDAÇÃO VOZ FUTURA | GIULIA AMENDOLA, com informações de RTL Today e Jonathan Haidt
Nesta terça-feira (18), o governo holandês recomendou oficialmente que crianças com menos de 15 anos não usem redes sociais como TikTok e Snapchat. A medida, não obrigatória, surge como resposta crescente às preocupações com o impacto dessas plataformas na saúde mental de crianças e adolescentes.
A iniciativa alinha a Holanda às diretrizes já adotadas ou em discussão em outros países da Europa, como França, Espanha, Grécia e Dinamarca. Espanha, por exemplo, propôs banir o acesso para menores de 16 anos. O movimento ganha força internacional e vem sendo impulsionado por vozes como a do psicólogo e escritor norte-americano Jonathan Haidt, autor de The Anxious Generation (“A Geração Ansiosa”), que comemorou a decisão:
“Escrevi The Anxious Generation assumindo que os governos não agiriam… Mas foi o contrário. O livro catalisou um movimento global”
Jonathan Haidt
A recomendação holandesa parte do Ministério da Saúde, Bem-Estar e Esporte, e foi elaborada com base em evidências sobre os danos potenciais causados pelo uso intensivo de telas e redes sociais. Entre as diretrizes, o ministério afirma que:
- Nenhuma exposição a telas é recomendada antes dos 2 anos de idade;
- Crianças acima de 12 anos não devem ultrapassar três horas diárias em frente a telas;
- Smartphones não devem ser permitidos antes dos 11 ou 12 anos, e o uso de redes sociais só a partir dos 15 anos.
Além disso, a recomendação diferencia o uso de aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Signal, e aplicativos de redes sociais, como TikTok e Instagram, que apresentam maior potencial de adição e exposição a conteúdos prejudiciais.
O ministério holandês também alerta: “O uso intensivo de telas e redes sociais pode ser prejudicial à saúde mental e ao desenvolvimento das crianças. Pense em problemas de sono, crises de ansiedade, sintomas depressivos, baixa concentração e autoimagem negativa.”
Essa nova diretriz vem na esteira de outras ações mundo a fora. Em países como Austrália e Nova Zelândia, já existem propostas para proibir o uso de redes sociais por menores de 16 anos. Segundo Haidt, “esse impulso internacional extraordinário só é possível porque pais do mundo todo estão reconhecendo os efeitos dessas tecnologias viciantes em uma geração inteira.”
Para a Voz Futura, que atua justamente na interseção entre bem-estar emocional e educação, o movimento europeu reforça a urgência de pautar a educação midiática e socioemocional desde a infância. As novas diretrizes da Holanda não apenas regulam o uso de telas, mas incentivam uma abordagem gradual, que começa com o uso de mensagens de texto antes da exposição ao mundo mais amplo — e mais arriscado — das redes sociais.
O que está em jogo não é apenas tempo de tela.
É o futuro emocional de uma geração.