Compartilhe por:

Compartilhe por:

Danilo Luiz: dizer não, quase nunca é fácil, e quase sempre necessário

Danilo Luiz: dizer não, quase nunca é fácil, e quase sempre necessário

Nosso papel enquanto pais.

Por Danilo Luiz, fundador da Voz Futura

Na minha infância, era normal no início da cada mês, meu pai receber o salário e na mesma noite, sentar com minha mãe na mesa da cozinha fazendo contas,  separando o que era pra pagar a luz, a água, a mercearia do bairro e o que era para a compra do mês. 

Essa era uma semana especial. Os armários estavam sempre fartos, ou pelo menos eu enxergava assim. Venho de uma origem muito humilde, mas nunca me faltou nada enquanto eu vivia na casa dos meus pais, até os 14 anos de idade. Sempre com comida na mesa, iogurte, pão , frango e refrigerante no fim de semana. 

Existia uma regra quase sagrada, para mim e meus irmãos: “Ninguém abre um pacote de biscoito (ou bolacha) sozinho”. Ou pelo menos não deveríamos comer tudo. Tínhamos que pedir a permissão a alguns dos nossos pais e se eles liberassem, poderíamos comer a parcela que era nossa por direito. Dois biscoitos do pacote. Parece um detalhe bobo, mas crescemos assim e fomos assim até muito da nossa fase adulta na vida. 

Hoje em dia tenho meus filhos, João Pedro e Miguel, e uma condição  financeira bem mais tranquila do que a que meus pais tiveram naquela época de quando eu era criança. Mas de certa forma sempre tentei passar isso para os meus ‘moleques’.

Não é fácil porque ao se ter a possibilidade, às vezes queremos dar tudo aquilo que não tivemos antes para nossos filhos. É ótimo que possamos fazer isso, mas também perigoso, e é necessário vigiar sempre, para não cair na onda de perder a noção e o valor de tudo. Dizer não, quase nunca é fácil, e quase sempre necessário. É nosso papel como pais. 

Insisto muito nessas ideias com meus filhos e conto essas histórias, afim de ir gravando na cabecinha deles, tais padrões que eu e a mãe deles, acreditamos, na esperança de que será um bom aprendizado. Até um dia em que fui buscar o Miguel na escola… Depois da classe de teatro, onde sempre deixávamos com ele um lanchinho para fazer, antes de iniciar, ele entrou no carro e disse: “Papai, hoje aconteceu uma coisa que quero te contar. O meu amigo estava com fome e não tinha lanche, eu então dividi o meu bolo com ele, tá!?” Ele me perguntou com orgulho ao mesmo tempo que com dúvida de uma criança que busca aprovação dos “mais velhos.” 

Eu dei um sorriso, por fora e por dentro. Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração transbordou de amor, porque, mesmo parecendo pouco, demonstra que nosso esforço e preocupação em demonstrar certos ensinamentos aos nossos filhos surtem efeito. Eles nos observam e nos escutam, nos copiam e adaptam a realidade deles a todo momento! 

Até hoje me emociono ao contar essa história, porque na próxima semana de teatro, ele pela manhã , pediu um bolinho a mais, pensando no amigo. São pequenas vitórias que nos motivam a seguir evoluindo como pais, educadores e seres humanos. Como diz a querida Dra Cele, minha psicóloga: “DNA é de sangue, mas também tudo aquilo que se escuta, e principalmente , tudo aquilo que se vê!”

Mais conteúdos relacionados:

Mais conteúdos relacionados: