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Reflexão: as coisas que meu silêncio interior me conta

Reflexão: as coisas que meu silêncio interior me conta

Uma reflexão sobre o conceito de “silêncio interior” e a necessidade de colocar sentimentos e pensamentos em palavras para que eles se tornem reais.

Uma reflexão sobre o conceito de “silêncio interior” e a necessidade de colocar sentimentos e pensamentos em palavras para que eles se tornem reais.

As palavras sempre foram tudo pra mim. Lembro de aos catorze anos, durante um curso de meditação que fiz na época, dividir com a turma que eu vinha reparando que estava vivendo meus sentimentos pela razão e esquecendo de senti-los, de fato. Desde essa época, há quase dez anos, faço esforço ativo para sentir por inteiro, sentir sem precisar pensar antes. Sempre enxerguei e entendi o mundo através das palavras então, até hoje, mesmo que eu já seja muito boa em me permitir sentir, o mais difícil é abdicar das palavras por inteiro. Cada vez mais, percebo que mesmo sentindo meus sentimentos, ainda uso as palavras para entendê-los quase simultaneamente. Foi só recentemente, quando comecei a fazer yoga, que conheci um conceito simples que me fez repensar tudo: o silêncio interior. É muito difícil pra mim realmente entrar em um estado meditativo, onde os pensamentos passam pelo rio metafórico e eu não os seguro, leio, disseco antes de devolver para a corrente. Foi no fim de uma aula em que a professora nos desejou aquele relaxamento para além da sala, quando ela usou a expressão “silêncio interior” pela primeira vez que encontrei uma importante chave para a meditação — e para o sentir absoluto. Ainda sentada no meu tapete, fechei os olhos, respirei fundo e tentei de fato ouvir meu silêncio interior. Sem palavras, explicações, figuras de linguagem: apenas escutei o que existe dentro de mim. Eu serei a primeira a dizer que as palavras são capazes das coisas mais extraordinárias, mas o que elas fazem é traduzir o que existe dentro da gente, e essa tradução (como qualquer tradução) nunca será perfeita. A verdade é simples: às vezes as palavras podem ajudar a entender, mas no fim do dia eu sei exatamente quem eu sou e às vezes a semântica fala tão alto que não me deixa escutar a música que mais importa. Eu amo as palavras, amo ver o mundo através delas e fazer poesia das coisas mais simples, mas entre as pouquíssimas coisas que amo mais do que palavras, está o silêncio que toca dentro de mim.

“Eu serei a primeira a dizer que as palavras são capazes das coisas mais extraordinárias, mas o que elas fazem é traduzir o que existe dentro da gente, e essa tradução (como qualquer tradução) nunca será perfeita.”

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