Por Pedrinho Salomão
O mundo nunca mudou de forma tão acelerada quanto nos tempos em que vivemos para ler esse artigo.
Hartmut Rosa, o pensador alemão, comprova que por determinada ótica o tempo tem sido acelerado. Passamos assim, a vivermos com pressa para dar conta de tantas coisas, tantos compromissos e tantas respostas a tudo e a todos.
A pressa é inimiga da perfeição, vocês já sabem, mas a pressa é sobretudo inimiga da humanização! Se você busca melhorar como pai, como filho, como atleta, como cidadão, tenha certeza que diante da pressa não melhorará.
A vida contemplativa, restrita nos tempos atuais aos monastérios, pode ser vivida também no mundo secular, nas grandes cidades nas nossas famílias, afinal de contas, contemplar é ter o tempo contigo. A seu favor!
Buscamos o sucesso a todo momento alocando sua principal área de atuação no trabalho. Mas não existe sucesso profissional que justifique o fracasso familiar! Correr atrás do dinheiro, da fama, do status, de forma alucinada e irrestrita te leva pro abismo.
Tempos fugazes, de aparente liberdade, se transformaram em tempos de solidão. Como diria meu querido amigo e poeta Jorge Aragão:
“A vida valeu, mas viver em solidão a dois
Fez sangrar um coração depois
Fez secar a flor, fruto e raiz
De todo bem que fiz”
Vivemos tempos de solidão a dois, a três, a trinta!
Alimentamos nosso Narciso todos os dias através das mídias, dos cursos mágicos , das terapeutas e terapias irresponsáveis, dos fármacos milagrosos.
A vida que deve ser vivida aceita a mudança do mundo, aceita a mudança do outro mas mantém valores, princípios e crenças de pé. A falácia mais grave dos tempos atuais é aquela que convence mentes fracas a acreditar que ninguém muda, que assim você que deve mudar de pessoa(ou pessoas). Será?
Como imaginar que alguém não mude depois de ter um filho , como acreditar que alguém não mude depois de perder um.
A contingência está aí, para alimentar os niilistas de que a vida é recheada de acasos. Para um otimista que vos escreve, o acaso não existe. Existe a mudança. De rumo, de vida, de sonhos, de amigos, de amores e de si.
Adoremos a mudança, mas também adoremos mudar!


