Por Danilo Luiz, Pai do João e do Miguel e fundador da Voz Futura
Era mais um dia daqueles em que eu cheguei às 2 ou 3 da manhã de uma viagem e às 8 já estava de pé. Levar os meus meninos pra escola, treino já pensando no jogo 48h depois… Um dia bem típico durante a minha temporada de trabalho. Por volta das 17h30 consegui parar para descansar um pouco. Estiquei as pernas no sofá, coloquei algo na tv, e pronto! Pronto!?
Ser pai, mãe, educador, cuidador, exige trabalho em tempo integral. Meus filhos estavam se estranhando, posso dizer assim (quem tem filhos com 9 e 6 anos vai me entender) e começaram uma pequena discussão, até chegar em gritos e choros. Então, por impulso falei: ‘Os dois sentados na escada agora sem falar nenhuma palavra!’
Eles me olharam assustados e lá se foram sem nem pensar. Eu fiquei nervoso e perdi um pouco a lucidez. Engraçado que, enquanto eles estavam ali sentados (foram só 5 minutos) eles iniciaram um debate entre eles quase cochichando e se perguntavam: “O papai tá mesmo bravo?”
Quase sempre sigo uma linha calma, de falar baixo e usando diálogo como maneira de resolver os conflitos, mas como sigo num processo contínuo de amadurecimento, nessa hora tinha perdido um pouco o controle e hoje sei que posso falar abertamente sobre isso.
Bem, durante esses 5 minutos, iniciei uma batalha de pensamentos comigo mesmo e pensei em como poderia solucionar a situação passando algum aprendizado para eles, mas sem tirar minha autoridade de pai e ao mesmo tempo criando conexão. Falei: “Estão os dois de castigo!”
Eles me olharam outra vez com os olhos arregalados e terminei: “Vão ao quarto de vocês, peguem cada um uma folha branca, lápis e canetas , e vamos desenhar!”
Tenho certeza que eles pensaram: “Meu pai é maluco! Que castigo é esse!?”. Ainda estava tudo com um pouco de silêncio, mas iniciaram os desenhos e o tema teria que ser algo que eles consideravam importante.
O resultado foi os dois desenhando papai, mamãe, eles juntos, e corações. E também um campo de futebol, algum Bob Esponja ou Pokémon. Entretanto, ali pude falar sobre como o respeito entre eles faria com que seguissem sempre juntos ao longo da vida, e que por mais que existissem momentos em que eles não fossem concordar entre si, a conversa seria sempre a melhor maneira de solucionar. Não as brigas.
Tenho certeza que essa lição ainda terá que ser repetida muitas e muitas vezes ao longo da vida para que eles, enfim, aprendam de fato, mas como pai e educador, temos que entender que cada momento de “crise”‘ é sempre uma oportunidade de aprendizado. Para nós e também para nossos filhos. Muitas vezes estamos cansados, com pouca paciência, por culpa da nossa “vida de adulto!”
Não é fácil não agir por impulso, não se culpar em seguida, não refletir…
Mas temos sempre a oportunidade de seguir crescendo, aprendendo e ensinando, e assim ajudar nossos filhos a crescerem como pessoas que serão melhores que nós, e por consequência transformarão o mundo num lugar melhor para se estar!