Por Danilo Luiz, Pai do João e do Miguel e fundador da Voz Futura

Hoje, a paternidade é tema cada vez mais presente nas rodas de conversa. E tenho a sensação — ainda que as estatísticas talvez não confirmem — de que o número de pais responsáveis, que se entregam, que se doam e que compartilham a maravilhosa jornada de colocar um filho no mundo, só cresce.

Acredito que a completude de um homem está em se tornar pai. E, a partir daí, reconhecer o próprio pai — mesmo com as diferenças, as falhas, as ausências, as injustiças.

Mas quero falar da importância de um pai por outro ponto de vista.

Tenho um grande amigo que cresceu sem pai. Apesar de ter se tornado um homem íntegro e generoso — muito pela dedicação de sua mãe —, sempre que falamos sobre o assunto, ele ganha um olhar perdido no horizonte. A voz embarga. Há, no fundo, um medo silencioso do mundo… e um vazio que só quem sente sabe explicar. Uma tristeza que quase — eu disse quase — se confunde com um “tanto faz”.

Quase… porque faltou fazer.
Faltou o colo na madrugada, naquela noite em que ele, bebê, chorava de cólica ou do medo de estar fora da barriga.
Faltou saber que o pai estava em casa quando a noite estava escura, quando a chuva era forte, ou quando algum barulho lá fora assustava.
Faltou conversa.
Faltou chutar bola.
Faltou incentivo.
Faltou chamar atenção.
Faltou estar lá.

E ainda faltou muito mais… e sempre vai faltar.

Percebe a importância?
(pausa)
Não fazer falta… pelo simples fato de sempre estar.
Isso é ser pai.