Criada para dar vez e voz à literatura periférica, a Casa da Favela marca presença pela terceira vez na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece do dia 30 deste mês a 3 de agosto. Nesta edição, o espaço promovido pela Agência de Notícias das Favelas (ANF) terá como tema “A favela no multiverso”. O conceito deste ano propõe um olhar para as infinitas possibilidades de ser e estar da favela – um território múltiplo, vivo e marcado por saberes ancestrais, tecnologias digitais, sonhos coletivos e resistência cotidiana de seus moradores.
É nesse multiverso de existências que a programação se desenha, revelando a potência transformadora da literatura, da arte e do pensamento periférico. Um dos destaques do primeiro dia da Casa da Favela será o debate “Julho delas: um trânsito entre a escrita, o corpo-político e a emancipação”, com participação de Jandira Feghali, Dandara Suburbana, Dani Balbi e Auritha Tabajara. A mediação será de Mônica Nêga.
Já no dia 31 será a vez de Conceição Evaristo falar sobre “Tecnologias ancestrais para a retomada dos nossos futuros”, ao lado de Viviane Mosé e Auritha Tabajara, com mediação de Lavínia Rocha. De origem periférica, a consagrada escritora mineira faz da periferia uma das protagonistas de sua trajetória.
No sábado, Ivana Bentes vai mediar o debate “Memória programada: entre algoritmos e oralidades, a disputa por narrativas, reconhecimento e futuro”, sobre o uso da inteligência artificial nas favelas. A mesa será formada por Nina da Hora, Camila Leporace e Talita Azevedo.
Diversas obras serão lançadas na Casa da Favela, que recentemente virou selo literário da ANF. Entre elas estarão “GRITA! Histórias & poemas de impacto”, de Káliman Chiappini, que entrelaça poesia, prosa e memória para evocar a dor, a beleza e o grito coletivo das margens. O livro tem prefácio da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, reforçando a importância e a força da voz periférica no cenário nacional.
Chiappini levará ainda para a Flip a exposição-instalação “Serpente do mundo”, que cria um caminho simbólico para refletir sobre os ciclos de opressão e libertação, convidando o público a percorrer sensorialmente as camadas que atravessam os corpos marginalizados.
“A arte, a cultura e a literatura das favelas e periferias brasileiras são partes vitais na desconstrução e na reconstrução da nossa sociedade, só é preciso ter oportunidade. A Casa da Favela tem um papel fundamental nesse processo”, ressalta Jaque Palazzi, coordenadora geral do espaço.
A Casa da Favela – que fica na Rua Tenente Francisco Antônio 28, no Centro Histórico – é uma realização da ANF em parceria com a Flip; a Periferia Brasileira de Letras; o Instituto Alameda; a Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ/Lab Cultura Viva; e a Fundação Casa de Rui Barbosa, com apoio do Ministério da Cultura e copatrocínio da Secretaria de Turismo da Prefeitura de Maricá e Caixa Econômica Federal.
Confira a programação completa em www.anf.org.br/programacao-da-casa-da-favela-na-flip-reforca-protagonismo-periferico/