Guilherme Frota, da Rebento, para a Voz Futura.
Conhecida como Rosi Charmosa, Rosilene Souza, de 54 anos, é personalidade célebre nas provas de corrida do Rio de Janeiro. Moradora de Barros Filho, na Zona Norte da cidade, é carismática e trata o exercício como uma prática da liberdade. Cita também o esporte como uma atividade inclusiva, já que perdeu a visão em 2020. O amor pela corrida, porém, seguiu intacto.
— Comecei a correr em 2017, através do convite de uma amiga que me chamou para fazer um treino funcional. Acabou que a professora botou todos os alunos numa corrida. Lá eu vi uma vibe maravilhosa e falei ‘É isso que eu quero!’
A perda da visão foi decorrente de um estresse no ambiente de trabalho. No momento em que passou mal, Rosi foi levada com urgência a um hospital e, dois dias depois, recebeu a notícia de que havia ficado cega do olho esquerdo:
— Depois de ano e meio, fui perdendo a visão do olho direito. Hoje em dia me tornei uma pessoa com baixa visão. As laterais eu não enxergo e, à frente, só com óculos especiais. Mas ainda tenho muito a viver, tenho muito a contar nesses asfaltos do mundo!
Sempre acompanhada por um guia nos treinos e nas provas, Rosi tinha uma meta no esporte: alcançar a linha de chegada de uma maratona. E, no dia 22 de junho deste ano, tornou-se enfim maratonista. Foram 42 quilômetros de prova com o apoio dos amigos e da família.
— Queria dizer ‘Eu posso, eu consigo!’. Consegui.
Ao lado da filha Márcia Mariane, Rosi tem um projeto chamado Doe Passo, onde recebe pares de tênis de corrida e doa através de um grupo para pessoas com deficiências. E, embora tenha conquistado a meta da prova, Charmosa não cogita parar por aí:
— O esporte me mudou. O esporte é libertador e me dá qualidade de vida. Fiquei uns seis meses perdida, e através dos amigos percebi que ainda tenho muito para viver. A próxima corrida está marcada para o dia 20 de setembro, na Meia Maratona da Reserva. São 5km em um dia e 21 no outro. Se eu posso, você também pode!





