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Partilha: se você também é Millennial

Partilha: se você também é Millennial

A geração da transição 

Por Igor Monteiro, consultor de aprendizagem corporativa e especialista em design instrucional.

Se você também é Millennial, como eu, nasceu ali entre 1981 e 1996. Já rompeu a barreira dos 30. Talvez a barreira dos 40. Lida com questões do mundo adulto que lá pelos nossos 20 e poucos anos, pareciam incrivelmente distantes. Inimagináveis. 

A gente piscou e esses dilemas chegaram. 

Se você também é Millennial, se recorda de um (distante) mundo analógico. 

De falar com amigos e familiares pelo telefone fixo. Um tempo em que mensagens de texto eram restritas a bilhetes e cartas. Se recorda de assistir a filmes em fita VHS – e ter que ‘rebobinar’ a fita ao final, para devolver à Locadora. 

Todo Millennial já teve que rebobinar a fita VHS do Rei Leão. 

Se você também é Millennial, viu uma infinidade de inovações invadirem as casas em que morávamos, ainda crianças, com nossos pais. DVD, TV a cabo, celular, internet discada. Uma primeira onda de novidades que pareciam o prenúncio de mudanças agudas e aceleradas que viriam depois – como streaming e internet móvel no seu celular..

Você conheceu, antes de todo mundo, o que era uma rede social. Não desconfiou do quanto aquela “arena” definiria nossas vidas para sempre dali a alguns anos. Na inocência de quem acessava um terreno atraente e desconhecido, adicionou pessoas no Orkut, fez parte de comunidades, escreveu scraps. 

Passou algumas tardes online no MSN, identificado com um nickname criativo.

Migrou para o Facebook. Soube das notícias antes do jornal, via Twitter. Rolou o feed de um Instagram onde só havia fotos (amadoras aos olhos de quem está por lá hoje).

A gente piscou e, de repente, passou a acessar em um único dia mais informações do que outras gerações anteriores a nossa acessaram durante uma vida inteira. 

Como lidar com tanta mudança em curso?!

Se você também é Millennial, como eu, adotou a mesma estratégia:

Questionar

Questionamos a forma como o trabalho era visto. Num mundo hiperconectado e de novas oportunidades, não parecia fazer mais sentido a fria rotina de trabalho tradicional a espera pelo salário no final do mês. Era preciso acrescentar sentido a essa jornada. 

Era preciso ter propósito!  

A busca pelo tal propósito remodelou boa parte do que o mundo entende como trabalho. Buscamos negócios cujos valores se alinhassem com os nossos princípios pessoais. 

Buscamos culturas organizacionais das quais nos sentíssemos parte de verdade. 

E buscamos gerar resultado. Impacto. Sem deixar de aproveitar a jornada. 

Questionamos a construção de carreira. A linearidade típica de se formar e trabalhar na área de formação. As áreas de formação cresceram. As formações também. A carreira virou uma extensão forte da identidade. E as identidades se tornaram múltiplas. 

Era preciso empreender!

Nós, Millennials, fomos a primeira geração apresentada ao tema empreendedorismo. Gosto da forma como meu amigo e mentor Pedro Salomão define esse conceito.

Dada a amplitude de significados que essa palavra pode assumir, Pedro conta que é melhor ter clareza sobre o que não é empreender. E o oposto de empreender, segundo ele, é estacionar. Parar.

Somos da geração que não podia parar. 

Questionamos as divisões que a vida costumava ter – pessoal e profissional. Virou tudo uma coisa só. Quando nos demos conta, o trabalho invadiu o tempo livre. E parte do lazer do tempo livre invadiu o trabalho. O escritório Millennial tinha videogame, mesa de sinuca, totó e ping-pong. Tinha até academia, tobogã e piscina de bolinha.

Questionamos o ter. Trocamos pelo acessar. Não é preciso ter um DVD (ou VHS) do filme preferido. É possível acessá-lo no streaming, quando eu quiser. Num catálogo infinito de outros filmes e séries. Assim também, o carro deu lugar ao Uber. O Airbnb começou a rivalizar com o hotel. 

Tudo em nome do acessar experiências.
Experiências se tornaram mais valiosas do que simples ‘ter’.

Questionamos o açúcar (e o adoçante) no café.

Questionamos o glúten e a lactose – mesmo não sendo intolerantes.

Questionamos empresas que não entendiam papéis para além de gerar lucro. 

E o tempo passou. Enquanto acelerávamos os áudios e vídeos,  o tempo voou. 

Quando nos demos conta, estávamos beirando os 30. 35. 

Estávamos construindo nossas famílias. Pagando nossos boletos.

Se você também é Millennial, como eu, você é parte da geração da transição. 

Do analógico para o digital. Da linearidade para a multiplicidade. 

E talvez seja justamente aí que resida a beleza de ser Millennial.

Porque, enquanto lidamos agora com dilemas mais tradicionais — filhos, boletos, carreira, relacionamentos, estabilidade — seguimos sendo os mesmos que ousaram questionar, buscar e transformar. Atravessamos cedo a ponte entre dois mundos. Seguramos, sem perceber, os fios que conectam passado e futuro.

Somos a geração que ainda lembra o som da internet discada, mas que hoje pede o almoço pelo celular. Que ainda tem fotos reveladas em álbuns, mas também guarda milhares de registros na nuvem. Caminhamos com um pé em cada era. Carregamos a capacidade de traduzir esses mundos, costurar as diferenças, abrir espaço para o futuro sem abrir mão da gostosa nostalgia de lembrar do passado.

É verdade que, vez ou outra, nos sentimos cansados. E quem não estaria, depois de tanta transição? 

Mas é também verdade que deixamos uma marca irreversível. Questionamos, criamos, inspiramos e seguimos ajustando o rumo. O mercado de trabalho, a cultura, as relações de consumo, a forma de viver e pertencer a comunidades — tudo isso carrega nossa assinatura.

Se você também é Millennial, como eu, lembre-se: fomos e somos protagonistas de uma das maiores revoluções sociais e tecnológicas da história. 

O mundo que você enxerga hoje, através da janela de casa ou da tela do celular, foi moldado pelas nossas inquietações, escolhas e tentativas. 

Alguns arrependimentos. E muita história para contar.

Mesmo que os dilemas adultos de hoje nos chamem à realidade todo dia, nunca deixe de se orgulhar: somos a geração de transição. E transição é movimento. É ponte. É fôlego. É coragem.

E, sejamos sinceros… hoje, na casa dos 30- 40 anos, não nos faltam boas histórias para contar. 

Conteúdo, Experiência, Pessoas + Redes

Espaço dedicado a sugerir a você mais conteúdos, experiências e pessoas + redes para você se aprofundar no tema de cada texto – prática que copiei do Conrado Schlochauer.

Conteúdo:

  1. Livro: “O Dilema dos Millennials”, do meu amigo Leonardo Capel. Um Millennial que traduziu de forma assertiva os principais dilemas compartilhados pela nossa geração, como a ansiedade, a Síndrome do Impostor e a busca pela Felicidade. Tudo isso partindo de histórias reais de uns outros Millennials. 

Experiência

  1. Se você também é Millennial (ou de outra geração anterior à nossa): jamais deixe de se conectar com a geração seguinte. Frequente espaços que permitam esse convívio. Mantenha-se interado com o que está acontecendo, por exemplo, em Universidades. Conecte-se com estagiários e com a galera mais jovem, recém chegada ao seu trabalho. Ouça o que eles pensam e observe o que fazem sem julgamentos.

Pessoas + Redes 

  1. siga a @danielaklaiman no Instagram. CEO da FutureFuture Company, o perfil da Daniela compartilha insights muito interessantes sobre comportamentos e tendências, passando, é claro, por aspectos geracionais, principalmente das Gerações Z e Millennials. 

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