Por Giulia Amendola, em parceria com a W Content
Duda Santin carrega no uniforme mais do que o escudo do Botafogo. Carrega as marcas de uma jornada que atravessa fronteiras, culturas e desafios. Formada em Ciências Políticas e apaixonada pelo futebol desde cedo, ela encontrou no esporte um espaço de transformação pessoal e coletiva — uma maneira de unir a força do corpo à potência da mente. Da Universidade de Connecticut ao campo do Glorioso, sua trajetória reflete o amadurecimento de uma atleta que entende o jogo como espelho da sociedade.
De volta ao Brasil após experiências no Chile e nos Estados Unidos, Duda fala com a serenidade de quem viveu o alto rendimento em diferentes realidades, mas também com a inquietude de quem quer mais. Nesta entrevista à Voz Futura, ela reflete sobre disciplina, propósito e sobre o que significa ser mulher e atleta em um cenário que ainda exige coragem para sonhar — e resistir.
O que mais te marcou na experiência de ser atleta universitária nos EUA e depois seguir carreira profissional no futebol?
Ter sido atleta de uma universidade renomada como UConn foi uma experiência indescritível, era como viver dentro de um filme. Além das pessoas especiais que tive o prazer de conhecer e que fizeram parte da minha jornada, eu diria que ter o privilégio de usufruir, sendo uma atleta em formação, de uma das melhores estruturas que eu já vi na vida fez e faz toda a diferença para eu ser a profissional que sou hoje. A disciplina e carga de treinos implicadas na universidade fez a transição para o futebol profissional ser muito mais tranquila.
Como sua formação acadêmica em Ciências Políticas e Criminologia influencia a forma como você enxerga o esporte e a sociedade?
Minha formação me proporcionou enxergar de forma ainda mais crítica muitas das adversidades implicadas em relação à posição do atleta, da mulher, e da mulher atleta, perante a sociedade. Isso me faz compreender o porquê de certas injustiças. Entendendo os “porquês” eu consigo contribuir em prol de um futuro melhor para as atletas Brasileiras e também guiá-las para que elas venham entender seu devido valor e lugar dentro do esporte e da sociedade.
Qual foi o maior aprendizado da sua passagem pelo futebol chileno e pela Libertadores?
Minha passagem pelo futebol chileno me ajudou a ter noção da verdadeira carência em relação ao apoio e o futebol feminino chileno. Me proporcionando dar valor e enxergar que mesmo com seus defeitos futebol brasileiro feminino está em acensão e com grandes projetos para ao futuro.
Eu não posso negar que a competição não alcançou as expectativas que eu tinha. Sempre imaginei viver um momento lindo em um campeonato tão vibrante como é a libertadores, porém a falta de estrutura para as atletas tiraram o nosso brilho e claro que impactou no nosso desempenho. Por isso é importante que as condições do futebol feminino latino-americano melhorem para que o público possa acompanhar e nos assistam em alto nível, assim como tem acontecido na Europa, por exemplo.
Hoje, defendendo o Botafogo na elite do Brasileirão Feminino, quais sonhos ainda te motivam a seguir em frente?
O Botafogo me surpreendeu com o projeto que me apresentou e com o que eu vivi nele até aqui. Fico feliz em poder ter ajudado a colocá-lo novamente onde esse grande clube pertence. Se depender de mim vou lutar para que permaneça assim, e é claro almejando sempre conquistar títulos pelo glorioso.


