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Danilo Luiz: o Poder de Sonhar com Intenção

Danilo Luiz: o Poder de Sonhar com Intenção

Eu parecia estar sonhando.

Por Danilo Luiz, fundador da Voz Futura

Era dezembro de 2005 e eu com meus 14 anos, jogava pelo Tupinambás de Juiz de Fora, contando com muito apoio para pagar a passagem de cada dia para treinar. Meus pais se esforçavam no que dava, e eu recebi ajuda da prefeitura de Bicas (minha cidade natal) e de alguns familiares de alguma maneira. Eu já estava numa idade que não me permitia perder muito tempo para entrar nas categorias de base de um time profissional, já que meu sonho era me tornar atleta de futebol. Passei aquele ano viajando com o Tupinambás para disputar o campeonato mineiro. Dormíamos em escolas, galpões, pensões, sempre com nossos colchonetes e um sonho.

Nossa equipe tinha muitos garotos bons de bola, alguns com alguma experiência rápida por times como Vasco, Fluminense, Cruzeiro, América-MG (que viria a ser meu clube  em seguida), mas todos ali buscavam se mostrar de alguma forma para ser ‘ pescado ‘ por algum clube. Mas como disse, já era dezembro e ninguém tinha chamado muita atenção e de certa forma muita gente já ia perdendo as esperanças.

Nós tínhamos no horizonte, um torneio em São Paulo que provavelmente seria uma oportunidade de conseguir uma equipe grande, ou pelo menos , melhor do que onde estávamos. Entretanto, não era só ir ao torneio. Tínhamos que arcar com os custos , que pra mim seriam altos de todas as maneiras. Os responsáveis pelo Tupinambás então tiveram uma ideia, criaram umas rifas que tínhamos que vender para conseguir pagar a ida a essa competição.

No meio de tudo isso, o pai de um dos meus companheiros conseguiu um jogo amistoso com o América Mg em Belo Horizonte, pois eles estavam buscando atletas do ano de 91. Seria a oportunidade que esperávamos?Foi um perrengue ir a esse jogo. 5 ou 6 horas numa van em direção a Belo Horizonte, saindo às 4 da manhã, chegamos , jogamos e voltamos para Juiz de Fora. Eu tinha ido muito bem, dizia-se nos bastidores de que eu seria escolhido para ficar no América, pelo menos para um período de teste.

Voltamos para casa com essa expectativa, mas o que eu tinha de concreto ainda era a ida naquele  campeonato em Sp, desde que eu vendesse as rifas. Elas ainda estavam lá , tá?! Comecei minha saga de rodar de bicicleta todas as tardes, por Bicas e pelas cidades em volta, área rural, vilarejos, todos os lugares onde eu sabia que tinha pessoas conhecidas que poderiam talvez comprar e me ajudar.

Não foi nada muito fácil meus amigos, porque as distâncias eram longas, a bicicleta não das melhores , e as vendas não foram esse sucesso todo. Mas era o que eu precisava fazer e o que eu tinha de concreto até então… O jornal contava as notícias de uma segunda feira normal na minha casa, quando o telefone toca . Meu pai atendeu e eu fiquei atento para saber se poderia ser a chamada do América Mg que eu esperava.

‘ Sim, sou o pai do Danilo.’

‘ Amanhã pode viajar para Belo Horizonte ?! ‘

Eu parecia estar sonhando. Ligaram para que eu viajasse no dia seguinte cedinho, para passar um período de testes , e dias depois, eu já estava confirmado no time.

Sai de casa sem nem perceber, fui atrás do meu sonho, mas o que fica de aprendizado para mim foram os kms de bicicleta, a dedicação por vender as rifas, e a concentração no objetivo concreto que eu tinha à frente.

Aconteceu algo especial? Sim, muito. Mas tenho certeza que estar atento e ativo no momento presente, me ajudou muito quando a mágica aconteceu.

Sonhar  alto, olhar longe, mas não deixar de pedalar no presente.

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