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Correio: quais sonhos são seus?

Correio: quais sonhos são seus?

Pega seus sonhos pela mão, vai.

Por Giulia Amendola, diretora de comunicação da Voz Futura

Há uns 8 anos, eu li uma frase que mexeu tanto com a minha cabeça que culminou no meu primeiro pedido de demissão da vida: “estou aprendendo todos os dias a permitir que o espaço entre onde eu estou e onde eu quero estar me inspire e não me assuste”.

Eu li, compartilhei no Instagram, cheguei no escritório, chamei minha então chefe para conversar, ela não aceitou e eu mandei um longo email, que eu nunca vou esquecer de escrever, chorando, dizendo que eu precisava ir embora. Cumpriria o aviso prévio que fosse necessário, treinaria quem fosse, mas que o meu limite tinha chegado.

A sensação de fracasso nunca tinha me arrebatado tanto.

Eu morava com meus pais, não me sustentava ainda, o Rio tinha acabado de atravessar uma crise socio-economica horrível, nenhum dos meus amigos, formados comigo anos antes, estavam trabalhando nas áreas que eles gostariam. Eu estava, e de repente, eu estava dizendo não. E pior: eu não tinha nada engatilhado. Não estava saindo para uma coisa melhor, que me pagaria mais. Tudo parecia uma loucura nesse contexto, ainda mais porque, em tese, eu tinha feito tudo certo: migrei do estágio da faculdade para esse lugar, fiz de tudo para ser efetivada, os clientes gostavam de mim, todas as minhas colegas me adoravam também. Não tinha nada errado, mas eu simplesmente sentia que não cabia mais naquele lugar, tão nova, incluindo um episódio que me fez parar no cardiologista aos 23 anos (era ansiedade, mas a gente logo acha que vai virar exemplo com um infarto jovem).

Uma amiga me indicou para uma conversa e, algumas semanas depois, tudo se resolveu. Como em um passe de página (até parece), eu consegui orquestrar as consequências da minha decisão baseada em um post de Instagram.

Olhando para trás, eu me pergunto: se eu sabia tanto onde eu queria estar, por que eu me apavorava tanto? Por que toda decisão que a gente toma, que significa uma mudança de rota, ainda tem tanto gosto de fracasso?

Mas aí eu li uma outra frase de Instagram que mostrou um outro lado: “quando você está dirigindo e erra o caminho, o aplicativo não acusa o erro, ele apenas fala: recalculando a rota”. Às vezes a gente leva mais tempo para chegar no destino, às vezes precisa fazer paradas e até mesmo mudar o destino. E qual é o problema, se a gente tem as ferramentas para chegar lá?

Eu tenho me questionado muito sobre quais dos meus sonhos são mesmo meus (e não me convenceram que eu precisava de uma determinada conquista, falei sobre isso na última coluna), quais são novos e quais, bem, eu não quero mais.

Essa oxigenação dos desejos e planos se faz muito necessária em um mundo tão baseado em comparação.

Quais sonhos são verdadeiramente seus? E o que você tá fazendo hoje para chegar até eles?

Só assim para fazer com que o espaço entre o agora e o sonho seja palatável, tangível. Saber que, mesmo com as loucuras da vida corrida, que você tá fazendo alguma coisa, mesmo que pequena, para chegar lá. É uma conversa muito dura que a gente tem que ter com a gente mesmo. Mas é extremamente necessária. Por isso, neste fim de ano, onde as listas de metas se multiplicam, eu vou traçar as minhas com muita responsabilidade e carinho, para que não vire um problema para mim mesma em 2026.

E bem, mesmo que eu falhe, eu tentei. E provavelmente vou chegar num lugar muito legal ainda assim.

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