Por Danilo Luiz, fundador da Voz Futura
Ainda muito jovem, quando a maioria dos atletas está preocupada apenas em subir de categoria e se firmar no futebol profissional, ele percebeu que havia um outro jogo sendo disputado em silêncio: o da organização financeira. A dificuldade de entender uma simples conversa com o banco foi o ponto de virada que despertou algo raro no universo do esporte, a vontade de aprender, estudar e assumir o controle do próprio futuro. Dessa inquietação nasceu não só um jogador mais consciente, mas também um profissional que decidiu mergulhar no mercado financeiro para entender, de fato, como proteger aquilo que o futebol pode construir… e também destruir.
Nesta entrevista, ele fala com franqueza sobre erros, aprendizados e sobre como metas claras, dentro e fora de campo, mudaram sua relação com a carreira. Ao cruzar futebol, planejamento e propósito, o papo revela uma realidade ainda pouco discutida entre atletas: talento abre portas, mas é a disciplina, a informação e a escolha de pessoas certas ao redor que garantem um pós-carreira tranquilo. Uma conversa necessária sobre foco, responsabilidade e sobre como pensar o futuro enquanto o jogo ainda está acontecendo.
1) Quando você começou a se interessar por finanças?
Quando eu tinha 17 para 18 anos, eu comecei a ganhar um dinheiro melhor quando eu estava subindo da base no Vasco.Procurei ajuda para alguém que pudesse fazer a gestão do meu patrimônio. Na época, eu não tinha conhecimento, como 99% dos jogadores, e aí meu pai na época conhecia uma gerente de banco, e aí eu fui fazer uma reunião com ela, para ela me apresentar e tal. Depois de uma hora na reunião, eu entendi duas, três palavras só. E ali foi a primeira chave que virou na minha cabeça: no sentido de que eu precisava fazer alguma coisa, pelo menos entender o básico para poder trocar uma ideia com ela. Porque era isso que eu queria. E aí comecei a estudar de uma forma bem superficial, mas fui evoluindo, comecei a tomar gosto pelo mercado, conforme fui me aprofundando.
2) O que te fez buscar essa “segunda” carreira, por assim dizer, mesmo tão novo?
Eu comecei a entender como funcionava o mercado e a entender sobre planejamento financeiro, a entender que montar uma carteira é algo muito complexo. É preciso saber quais são os seus objetivos, onde você tá hoje, onde você quer chegar. E aí fui me encantando por essa parte do mercado financeiro, tirei as certificações necessárias e percebi que era preciso passar isso para outros atletas, para que eles pudessem se planejar o quanto antes visando um pos carreira tranquilo.
3) Qual foi o maior aprendizado que você teve, dentro ou fora de campo, que você gostaria que outros jogadores, jovens ou já experientes, soubessem de cara? Algo que tenha realmente mudado a sua relação com a carreira?
Dentro de campo, o maior aprendizado que eu tive é que o quanto antes você define aonde você quer chegar, define as suas metas e traça um plano ali do que você tem que fazer para chegar nesse lugar, é importante demais. Você jogar por jogar ou quero ser jogador de futebol porque é legal, é mais difícil. Quando você tem metas definidas você tem um foco, você acorda todo dia disciplinado, tendo um objetivo lá na frente, isso facilita muito. E o grande clichê que todo mundo sabe, mas que de fato é verdade, é que o trabalho supera o talento de todas as formas. Eu vi muitos jogadores que com certeza eram melhores que eu, mas acabaram não tendo cabeça, acabaram não tendo a disciplina necessária e acabaram ficando pelo meio do caminho. No mundo das finanças, o meu propósito é auxiliar os atletas para que eles não passem pelas experiências negativas que eu tive no início quando eu busquei ajuda. Tive muito direcionamento errado, muito conflito de interesse. E existe um oceano ainda a ser explorado no meio do futebol, no meio do esporte em geral, infelizmente ainda tem muitos jogadores caindo em pirâmide, fazendo maus investimentos que comprometem um pós-carreira tranquilo. Quero ser referência nesse meio como uma pessoa que fez a diferença, que colocou o propósito de vida na frente para ajudar a minha classe, esse é o grande objetivo.
4) O que mais te inspira a ir além?
Dentro de campo, o que mais me inspira a ir além é justamente alcançar as metas que eu tracei lá no início, alcançar os objetivos que eu ainda tenho no futebol, voltar à fase boa que eu estava tendo, a confiança que eu tinha, tanto mentalmente, como fisicamente antes da lesão. É voltar à boa forma que eu tinha e seguir buscando os objetivos que eu tracei desde o início.
E fora de campo, falando de investimentos, mercado financeiro, o quanto antes você consegue traçar um planejamento financeiro, consegue encontrar um escritório, uma pessoa, uma empresa que consiga fazer a gestão do seu patrimônio de uma forma transparente, de uma forma planejada, quando você tem objetivos lá na frente, quando você tem planos, quando você tem metas, fica muito mais fácil. Até tem vários exemplos de jogadores que tiveram carreiras medianas, que tem um pós-carreira tranquilo e muitos, muitos atletas que chegaram talvez no mais alto nível do futebol, ganharam muito dinheiro e hoje em dia não tem nada ou então não conseguiram manter o padrão de vida que tinham antes. Então o quanto antes você tem um planejamento financeiro, pessoas de confiança que estejam. Fazendo o melhor para você, isso aí realmente muda o jogo.


