Por Giulia Amendola
Campeão mundial e olímpico, Italo Ferreira carrega no corpo o sal do mar e na alma a força da superação. Nascido em Baía Formosa, no Ri Grande do Norte o surfista que começou com uma tampa de isopor nas ondas do Nordeste hoje é inspiração global, não apenas pelo talento, mas pela maneira como transforma quedas em combustível para seguir adiante. Em cada maré, Ítalo reencontra o frio na barriga que sentia quando ainda era criança, e continua surfando como quem sabe que sonhar grande é também acreditar na próxima onda.
Nesta entrevista à Voz Futura, Ítalo fala sobre fé e perseverança, revelando como o surfe o ensinou a cair e levantar — lição que leva para todas as áreas da vida. Ele compartilha as dificuldades do início, as ondas que precisou enfrentar fora d’água e a mensagem que deixaria ao menino que sonhava com o impossível. Um relato que mostra que acreditar no próprio sonho é sempre o primeiro passo para realizá-lo.
Quando você olha para o mar hoje, o que ainda desperta o mesmo frio na barriga de quando começou a surfar?
Quando eu olho pro mar hoje, realmente eu ainda sinto o mesmo desejo, a mesma vontade de ser desafiado, de ser melhor, de evoluir, de cada dia que passa tentar superar os meus limites. Claro que eu já vivi muitos momentos num esporte, num surfe específico, mas isso ainda continua me desafiando, principalmente nas competições. Ou até mesmo fora das competições, então eu creio que isso me alimenta e eu ainda continuo sentindo esse fio na barriga e essa vontade, esse desejo de evoluir a cada sessão.
O que o surfe te ensinou sobre cair e levantar que você leva para todas as áreas da sua vida?
No surfe, você perde muito mais que você ganha, né? É um esporte individual que você não depende só de você. No caso tem todos os detalhes que você precisa estar alinhado para que você possa vencer a competição. E é claro que em qualquer campeonato, dependendo da sua performance, você pode acabar vencendo. Pela forma que você surfa, como você se apresenta num lugar. Você literalmente cai muito mais do que você imagina, mas isso tudo te blinda. E te deixa mais maduro para as vitórias, para as oportunidades, os momentos que podem aparecer na sua frente. Na minha história, eu já tive grandes momentos de que eu imaginei que estaria tudo perdido, e aí eu fui lá e virei a página. E a minha fé me moveu e me levou a lugares que eu nunca imaginei, então eu acho que em perseverança a resposta para essa pergunta.
Qual foi a maior onda fora d’água que você já teve que enfrentar — e como conseguiu se equilibrar?
Olha, eu acho que em vários momentos eu fui desafiado a enfrentar grandes desafios, principalmente fora d’água, na vida pessoal, na vida financeira, no início, por falta de patrocinadores e algumas vezes tinha que realmente vencer pra poder crescer. Mas isso tudo foi muito positivo pra que eu pudesse ser quem eu sou hoje, isso me deu forças, isso me alimentou em todos os momentos. Acho que pra todo atleta, por exemplo, quando você se lesiona, é um momento que você precisa achar o teu equilíbrio, porque aí é onde teu corpo pede um descanso. Claro que eu tive muitos momentos fora d’água que realmente foram muito desafiadores pra mim. Mas graças a Deus eu consegui me alinhar e me reconectar comigo pra que eu pudesse seguir em frente.
O que você diria para o Italo criança, aquele que só sonhava com a próxima maré, sobre até onde ele iria chegar?
Eu posso dizer que ele foi um guerreiro, que acreditou nos seus sonhos e que não deixou nada tirá-lo do caminho. Acho que para tudo na vida a gente tem que acreditar no nosso sonho. Se é algo que você acredita, você tem que ir para cima e aproveitar as oportunidades. Nunca imaginei viver tudo que eu estou vivendo nesse momento, mas acho que tinha o desejo ali de ser um atleta profissional. E crescer na vida. Era o que eu almejava, mas nada mais além do que todo o pacote que veio completo depois de todas as vitórias. Então, só parabenizo o Italo Criança, que alimentou esse sonho.



