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O projeto de surfe que transforma a Praia de Piratininga

O projeto de surfe que transforma a Praia de Piratininga

Iniciativa impacta a vida de crianças e adolescentes por meio do surfe.

Por Ana Julia Silveira para a VOZ Futura

Na Praia de Piratininga, em Niterói, uma iniciativa vem transformando a vida de crianças e adolescentes por meio do surfe. O Piratininga Surfe Clube, criado em 2020, oferece aulas gratuitas para alunos de escolas públicas e se mantém graças às mensalidades pagas por estudantes de escolas particulares, todo o valor arrecadado é reinvestido no próprio projeto.

O clube nasceu da paixão de um trio de amigos que enxergou nas ondas uma oportunidade de ir além do lazer. Enquanto o mundo parava, eles se mantinham em movimento, como o mar. O objetivo era devolver à praia a liberdade que ela sempre proporcionou, mas dessa vez, de forma acessível a todos.

A metodologia é simples: quem pode pagar sustenta a iniciativa, e quem não pode, surfa de graça: “A Escolinha nunca teve apoio público, mas já contamos com ajuda de empresas. Mas a principal forma de manter as atividades durante esses quase 5 anos foi com a adoção do seguinte modelo de inclusão: Alunos de escolas públicas têm bolsa integral e alunos de escolas particulares pagam mensalidade. O valor arrecadado é todo reinvestido na escolinha, com uniformes, equipamentos e realização de eventos”, explicam os idealizadores do projeto, Roberto Emmerick, Victor Machado e Angelo Giló.

Os professores são todos voluntários, não recebem salário, e fazem questão de lembrar: “Fazemos por amor, porque sabemos que estamos fazendo a diferença na vida de cada aluno que chega aqui”, afirmam os fundadores. E essa diferença é real. Muitos encontram no surfe um esporte, outros um caminho, mas todos descobrem um sentimento de pertencimento.

Ali, o surfe é visto como uma ferramenta para formar cidadãos. É abraço, disciplina, reencontro com a natureza e com a própria força. O projeto já revelou talentos, como Cristal Malu, que venceu a etapa sub-14 do circuito niteroiense e se tornou uma inspiração para outras meninas. “Ela virou referência para outras meninas da escolinha, que hoje se inspiram nela e que também estão se destacando no surfe feminino. Isso mostra que, além de formar atletas, estamos ajudando a construir sonhos”, celebram.

Manter a iniciativa de pé não é fácil. Há dias de mar revolto e desafios financeiros, mas o que sustenta o projeto é a fé no coletivo, o afeto e a dedicação dos onze voluntários que doam seu tempo e conhecimento. Eles ensinam com paciência e encaram cada queda na prancha como parte fundamental do processo de aprendizado.

O objetivo do Piratininga Surfe Clube não é apenas formar campeões, mas sim pessoas que se sintam em casa no mar. Pessoas que entendam o valor de uma boa onda e de uma boa escolha, e que aprendam a se equilibrar não apenas na prancha, mas na vida.

O sonho é que os alunos de hoje se tornem os professores de amanhã, que mais crianças ocupem a praia e que o projeto continue a existir. Porque, para muitos, essa é a primeira vez que pisam na areia e descobrem que o mundo também pode ser deles. Quando a maré ensina, ninguém sai do mesmo jeito que entrou.

Crédito das fotos: Guilherme Milward e arquivo da escolinha

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